outubro 1, 2024
I Simpósio de Cirurgia Torácica Pediátrica, Otorrino e Pneumopediatria
(41) 3223-2570
Sociedade Paranaense de Pediatria
A Sociedade Paranaense de Pediatria (SPP) participará do Dia Nacional de Combate ao Tabagismo, em 29 de agosto, na Boca Maldita, das 9 às 13h, em promoção conjunta com as Secretaria de Estado da Saúde do Paraná e a Secretaria Municipal de Saúde de Curitiba. As Ligas de Pediatria do Paraná também prestigiarão a ação.
Estudo realizado com 327 crianças avaliadas em pronto-atendimento na cidade de Curitiba, demonstrou prevalência de 21,6% de tabagismo passivo. As crianças expostas ao tabagismo compõem, significativamente, o grupo com mais de quatro idas ao serviço de emergência ao ano e com necessidade de antibioticoterapia de mais de duas vezes ao ano, quando comparado às crianças não expostas. Em ambulatório especializado, 384 crianças, entre 2 e 14 anos, com diagnóstico clínico e/ou funcional de asma foram avaliadas. A prevalência da exposição ao tabagismo passivo foi elevada, em mais de 55% da amostra, sendo que em 35,2% dos casos a exposição foi intra-domiciliar e diária.
Aglomeração domiciliar, menor renda familiar, menor nível de escolaridade materna e paterna foram encontrados no grupo exposto. O grupo de asmáticos expostos ao tabagismo passivo mostrou maior frequência da doença como moderada, maior uso de corticoides inalatórios e maior frequência de sintomas diurnos quando comparado ao grupo de asmáticos não expostos ao tabagismo. O mesmo estudo entrevistou, ainda, 350 pediatras de diversas sub-especialidades e com variados tempos de formação. Deste total, 96% relataram abordar verbalmente o tema em suas consultas de rotina, mas nenhum deles relatou executar ações mais efetivas, como sugerir tratamento para cessação ou encaminhamento do fumante para serviços especializados.
De acordo com a SPP, o pediatra precisa enxergar o tabagismo passivo como uma doença pediátrica, identificá-lo e agir de forma pró-ativa na sua erradicação. O tabagismo passivo é prevalente mesmo em grupos de risco como crianças asmáticas e seu impacto aumenta a gravidade e o uso de medicação de controle da doença.
Outros riscos
Fumar durante a gravidez poderá provocar abortos espontâneos, nascimentos prematuros, bebês de baixo peso, mortes fetais e natimortos, complicações com a placenta e sangramento. Um único cigarro fumado por uma gestante é capaz de acelerar em poucos minutos, os batimentos cardíacos fetais, devido ao efeito da nicotina sobre o aparelho cardiovascular do feto. Quando a mãe fuma durante o aleitamento, a criança recebe nicotina através do leite, podendo ocorrer intoxicação (agitação, vômitos, diarreia e taquicardia), principalmente naquelas que consomem vinte ou mais cigarros por dia.
As crianças fumantes passivas, ou seja aquelas que convivem com fumantes em ambientes fechados, apresentam maiores possibilidades de contrair doenças respiratórios (bronquite, pneumonia, bronquiolite) em relação àquelas cujos familiares não fumam. Além disso, quanto maior o número de fumantes no domicílio, maior o percentual de infecções respiratórias, nas crianças que vivem com fumantes.
A OMS considera o tabagismo uma doença pediátrica, visto que a maioria dos fumantes torna-se dependente até os 19 anos de idade. O cigarro e o álcool são drogas lícitas que fazem tão mal quanto as drogas ilícitas. O uso de produtos derivados de tabaco e, consequentemente, a dependência à nicotina, que se estabelece no adolescente consumidor, podem favorecer a aquisição de outros comportamentos pouco saudáveis.
A utilização da nicotina é considerada por muitos como sendo a “porta de entrada” para o uso de drogas ilícitas. Além disso, a nicotina aumenta a liberação de catecolaminas, causando vasoconstricção, acelerando a frequência cardíaca, causando hipertensão arterial e provocando adesividade plaquetária. A nicotina juntamente com o monóxido de carbono, provoca diversas doenças cardiovasculares. Além disso, estimula no aparelho gastrointestinal a produção de ácido clorídrico, o que pode causar úlcera gástrica.
A fumaça que sai da ponta do cigarro e se difunde homogeneamente no ambiente, contém em média três vezes mais nicotina, três vezes mais monóxido de carbono e até 50 vezes mais substâncias cancerígenas do que a fumaça que o fumante inala. A exposição involuntária à fumaça do tabaco pode acarretar desde reações alérgicas (rinite, tosse, conjuntivite, exacerbação de asma) em curto período, até infarto agudo do miocárdio, câncer do pulmão e doença pulmonar obstrutiva crônica (enfisema pulmonar e bronquite crônica) em adultos expostos por longos períodos.
A Lei Antifumo (12.546/2011) proíbe o fumo em local fechado em todo o Brasil. Assim, o fumante deve ter conhecimento de que a fumaça do seu cigarro ou de outro derivado do tabaco pode causar doenças nas pessoas com quem convive em casa, no trabalho e em demais espaços coletivos e que não existe nível seguro de exposição à fumaça.
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