outubro 1, 2024
I Simpósio de Cirurgia Torácica Pediátrica, Otorrino e Pneumopediatria
(41) 3223-2570
Sociedade Paranaense de Pediatria
Gastroenterologista pediátrica fala sobre o Alerta Amarelo neste artigo.
A médica Dra. Sandra Lúcia Schuler é a nossa convidada para falar sobre a Icterícia, inaugurando a sessão “A Palavra do Especialista”. Se você também tem uma contribuição científica envie-nos para apreciação. Veja o que ela diz:
A icterícia é uma condição comum em recém-nascidos, atingindo aproximadamente dois terços deles, representada pelo aumento da bilirrubina indireta (BI), que pode ser considerada fisiológica ou pelo leite materno, mas que pode ser confundida e, consequentemente, atrasar o diagnóstico de colestase (hiperbilirrubinemia direta-BD ≥ 2,0 mg/dL ou > 20 % da bilirrubina total – BT), que é sempre patológica.
A colestase é resultante da redução da síntese dos ácidos biliares ou do bloqueio (intra ou extra-hepático) da excreção dos componentes biliares para o intestino delgado, com aumento sérico da bilirrubina direta (BD).
A investigação diagnóstica precoce possibilita o tratamento clínico específico de determinadas afecções – sepse, galactosemia e frutosemia, entre outras -, bem como o da atresia de vias biliares.
A atresia de vias biliares (AVB) é uma afecção resultante de um processo obliterativo e fibrosante dos ductos biliares intra e extra-hepáticos devido a um processo inflamatório perinatal que apresenta evolução progressiva para cirrose biliar. Constitui, ainda hoje, a principal causa de indicação para o transplante hepático pediátrico. Apesar dos inúmeros esforços mundiais, o único tratamento disponível continua sendo o cirúrgico, conhecido como cirurgia – porto-enterostomia de kasai e suas modificações).
A divulgação de conhecimentos e/ou instrumentos (cartão colorimétrico/ escala cromática das fezes na carteira de vacinação-imagem 1) que facilitem o diagnostico da AVB é de extrema importância para o sucesso do tratamento cirúrgico. É fundamental a idade em que a criança se apresenta no momento da cirurgia. A drenagem biliar satisfatória é observada em até 80% daqueles submetidos à porto-enterostomia precocemente (até 8 semanas de vida), enquanto que essa taxa situa-se entre 10 a 20% nos lactentes operados além desta idade.
Os aspectos descritos enfatizam a importância da triagem do recém-nascido/ lactente com icterícia após o 14º dia de vida, com o uso da escala cromática das fezes (hipocolia e/ou acolia fecal) e a coleta de sangue para dosagem das bilirrubinas (principalmente bilirrubina direta).
Nos casos de “fezes suspeita” e/ou bilirrubina direta aumentada, encaminhar para centros especializados.
Em alguns países, para a triagem de rotina da AVB, tem sido distribuído aos pais/ cuidadores um cartão colorido com uma graduação de cores de fezes.
A Sociedade Brasileira de Pediatria e o Grupo de Estudos em Hepatologia Pediátrica (GEHPed) lançou a campanha nacional “Alerta Amarelo” com o objetivo de chamar a atenção, inicialmente dos médicos pediatras, para o diagnóstico precoce da Atresia de vias biliares- imagem 2.
Imagem-1 Caderneta de Saúde da Criança-Ministério da Saúde, escala cromática das fezes, 2009
Imagem-2 Campanha: Alerta amarelo (SBP).
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